terça-feira, 15 de março de 2016

Descortine (-se)


 Algumas, muitas, são usadas para não muito além do que confortar nossos olhos no excesso de claridade. Mas outras servem para tampar, esconder aquilo que ninguém quer ver, às vezes uma favela, uma rua suja, ou só um muro pichado por alguém que já passou. 

 Às vezes, geralmente muitas vezes, transparecem personalidades, e estas servem para isso: para esclarecer, demonstrar e ilustrar quem somos. Por meio de cores, tecidos, estampas e recortes. 
 Existem também as que passam a maior parte do tempo abertas, para aqueles que gostam ou se acostumaram a deixar a luz nova do sol entrar.

 Mas e você? O que anda fazendo com suas cortinas? Temos o costume de encher nossas vidas delas, fechadas ou abertas, para esconder, confortar, ou ilustrar; sempre as mantemos por perto.

 Escondemos nossos pensamentos com boas maneiras, com falas respeitosas e rostos tênues. Demonstramos nossa personalidade com roupas, sapatos e gestos, mas não aqueles que nós escolhemos, e sim aqueles que a sociedade se agrada em ver. Alguns se encontram abertos para as novidades, para debates e opiniões, estes ouvem um por um até saber o momento certo de formular sua tese. Estes, não os que usam suas cortinas para se esconder, nem aqueles que as usam para agradar os olhos da sociedade, mas os que estão sempre abertos para tudo, esses sim chegam a algum lugar, esses crescem, esses evoluem dentro de si próprios. 

 Não use suas cortinas para esconder seus defeitos, não use suas cortinas para agradar ninguém, aliás, não use cortina alguma, deixe sempre a luz nova do sol entrar. 

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